O Fanerozoico é o éon da história da Terra no qual vivemos. Começou há 541 milhões de anos (Ma) e está dividido em três eras: o Paleozoico, o Mesozoico e Cenozoico. O Fanerozoico é caracterizado por uma tectónica de placas tal como conhecemos e por um clima relativamente estável, o que permitiu a evolução de vida complexa. Fanerozoico significa "vida visível". Após a fragmentação do supercontinente Rodínia, há cerca de 750 Ma, os continentes dispersaram-se. Por volta dos 600 Ma, juntaram-se temporariamente num supercontinente chamado Pannotia. Aos 550 Ma a Pannotia separa-se, deixando para trás algumas das suas massas continentais juntas num megacontinente chamado Gondwana. A Gondwana incorporava a África, a América do Sul, a Austrália, a Índia e a Antártida. Esta acabou por colidir com a Laurásia, formada pela América do Norte e pela Eurásia, dando origem à Pangeia. Foi este o último grande supercontinente a existir na Terra. Pangeia significa "toda a terra". A Pangeia formou-se no final do Paleozoico, há 335 Ma, e existiu durante cerca de 130 milhões de anos. Durante todo este tempo, existiu também um superoceano, o Pantalassa, que ocupava 70% da superfície da Terra (Pantalassa significa "todo o mar"). A Pangeia começou a fragmentar-se por volta dos 200 Ma, durante a era Mesozoica, dando origem ao Oceano Atlântico. O Oceano Pacífico corresponde hoje ao que resta do Pantalassa; mas embora a bacia oceânica seja a mesma, a crusta oceânica do Oceano Pantalassa foi quase totalmente renovada devido à geração de nova crusta nas dorsais dos Pacífico e ao consumo da crusta mais antiga nas zonas de subducção do famoso Anel de Fogo do Pacífico. Durante o Fanerozoico houve, no entanto, variações climáticas significativas, com alguns períodos mais quentes e uma série de glaciações. Por exemplo, o clima da Pangeia era relativamente mais quente do que o clima de hoje, devido ao seu vasto interior desértico e seco, e ao facto de se dispor em torno da zona equatorial. A Pangeia permaneceu quente, mesmo quando os mares de pouca profundidade (ditos epicontinentais) invadiram o supercontienente. Foi nestes mares que se formaram uma grande parte dos calcários que encontramos hoje no nosso território. Após a fragmentação da Pangeia, a circulação oceânica e atmosférica começou a aproximar-se cada vez mais das dos dias de hoje. Porém, este não foi um processo contínuo e progressivo. Durante esta período de tempo, ocorreram vários eventos tectónicos que causaram mudanças climáticas importantes, como, por exemplo, o fecho do Istmo do Panamá, que cortou a ligação entre os oceanos Pacífico e Atlântico e permitiu a formação da Corrente do Golfo; a separação da Austrália da Antártida, que levou à formação da Corrente Circumpolar Antártica; e a formação dos Himalaias, que resultou da colisão entre a Índia e a Eurásia e levou à formação da Monção Indiana. Sabe-se ainda que ocorreu um período quente no início do Eocénico, logo após o Máximo Térmico do Paleocénico-Eocénico, durante o qual a temperatura da Terra aumentou cerca de 6 graus em cerca de 20 mil anos. Desde então, o clima da Terra tem vindo gradualmente a arrefecer. Nos últimos 2 milhões de anos, o clima da Terra foi caracterizado por uma série de glaciações e períodos inter-glaciares. O Fanerozoico é também caracterizado por grandes mudanças no que diz respeito à vida. A “explosão de vida” do Câmbrico (o primeiro período da era Paleozoica, que começa aos 541 Ma), foi caracterizada pelo aparecimento e diversificação de um grande número de vertebrados e invertebrados. A maioria dos filos que conhecemos hoje apareceu durante este período. As plantas colonizaram a terra aos 420 Ma, gerando vastas florestas tropicais. Os artrópodes começaram a explorar a terra emersa e os vertebrados desenvolveram patas e pulmões. Até meados do Carbónico (~320 Ma) a superclasse dos tetrápodes, a superclasse à qual pertencemos, era dominada pelos anfíbios. Porém, a rápida perda dos seus habitats, provavelmente devido à diminuição da intensidade das marés, abriu uma oportunidade para a evolução dos répteis. Em terra, a era Mesozoica (que começa aos 251 Ma) foi dominada pelos dinossauros e por uma flora de coníferas. Durante o Cretácico, por volta dos 130 Ma, surgem as primeiras plantas com flor. No final do Cretácico, aos 66 Ma, um grande número de dinossauros extingue-se, provavelmente devido a uma sequência de grandes supererupções vulcânicas que coincidiram com um impacto de um meteorito na zona onde hoje se localiza o Golfo do México. As primeiras aves e mamíferos surgem ainda durante o Mesozoico, mas é apenas durante o Cenozóico, após a grande extinção dos dinossauros, que conseguem prosperar. A formação e dispersão da Pangeia tiveram um papel fundamental na evolução e diversificação da vida, destruindo e criando constantemente novos nichos. Mas a evolução da vida complexa não ocorreu de um modo simples e linear. O Fanerozoico foi marcado por cinco grandes extinções em massa, todas elas levando à quase aniquilação da vida na Terra. Alguns autores sugerem que estamos a passar pela sexta extinção do Fanerozoico, causada pela atividade humana. Desde o século XVI, a espécie humana já levou à extinção mais de 650 espécies de vertebrados. Calcula-se que cerca de um milhão de espécies possam estar em risco de extinção devido à ação do Homo sapiens. #geologia Partes do texto adaptadas de: Duarte, J.C., 2023. A timeline of Earth's history. In Green., M., Duarte, J.C., eds, A Journey Through Tides, 117-131. Elsevier Books. https://doi.org/10.1016/B978-0-323-90851-1.00010-8 Fonte da imagem: Casey Horner via Unsplash
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