Já todos tivemos um pouco de ouro nas nossas mãos. Alguns de nós usamos ouro todos os dias em anéis, colares ou pulseiras. O ouro é símbolo de vitória e de sucesso. Foi moeda de troca durante séculos, e causador de guerras também. Os alquimistas procuraram sintetizá-lo. Mal sabiam o que seria preciso! Há pequenas quantidades de ouro por todo o lado. Nos computadores, nos nossos telemóveis. O ouro é um elemento químico que geralmente se encontra no estado livre e não se liga nem interage com nenhum outro elemento. Isto, juntamente com o facto de ser relativamente maleável, faz do ouro um metal com valor económico muito procurado. Para além disso, o seu brilho amarelo característico e a sua raridade, fazem do ouro um metal precioso. Mas de onde vem o ouro? Da Terra, certo? E se eu vos dissesse que não há nenhum processo na Terra capaz de gerar ouro? Acreditavam? Bem, na verdade, praticamente nenhum dos elementos químicos que conhecemos foi gerado na Terra. Mas vamos por partes. Logo após a formação do espaço e do próprio tempo, no big bang, formaram-se três elementos: o hidrogénio, o hélio e um pouco de lítio. Para que a maior parte dos outros elementos fossem criados foi necessário esperar pela formação das estrelas. E para que estes elementos se dispersassem pelo Universo, foi preciso esperar pela sua morte. É no interior das estrelas e aquando da sua explosão que se formam a maior parte dos elementos que conhecemos da tabela periódica. Mas o ouro é um elemento pesado e nem uma estrela, ou mesmo uma supernova, são suficientes para o sintetizar. Estudos recentes mostraram que o ouro provém de um fenómeno especial: a colisão e fusão de duas estrelas de neutrões. Mas o que são estrelas de neutrões? As estrelas de neutrões são o que fica da explosão (supernova) de uma estrela com cerca de 20 vezes a massa do Sol. Estes objetos têm uma densidade impressionante, equivalente à de um núcleo atómico. Uma pequena porção de uma estrela de neutrões do tamanho de uma caixa de fósforos pesa cerca de 3 mil milhões de toneladas, mais ou menos o peso de uma pequena cadeia de montanhas. Hoje sabemos que cerca de metade das estrelas que observamos à noite são de facto sistemas binários, ou seja, sistemas constituídos por duas estrelas. Ora, quando algumas destas estrelas chegam ao fim das suas vidas, deixam para trás duas estrelas de neutrões. Em muitos casos, estas estrelas acabam por colidir e fundir-se. É durante este processo que se gera o ouro. Quando olharem outra vez para um pouco de ouro, pensem que este já esteve no meio de uma colisão entre duas estrelas de neutrões, algures no Universo, há milhares de milhões de anos e a milhares de milhões de quilómetros da Terra. O ouro é um pouco de estrelas de neutrões. #geologia Outras leituras: https://en.wikipedia.org/wiki/Neutron_star_merger https://www.nasa.gov/.../neutron-stars-create-gold.../ https://news.mit.edu/.../neutron-star-collisions-goldmine... https://www.science.org/.../neutron-star-mergers-may... Imagem: Greg Rakozy via Unsplash
0 Comments
Leave a Reply. |